terça-feira, 27 de novembro de 2012

Natação acelera desenvolvimento de crianças

Natação acelera desenvolvimento de crianças
A professora Robyn Jorgensen (direita) verificou 
os benefícios que as crianças têm de
 aprender a nadar mais cedo. 
[Imagem: Griffith University]
Nadando para o sucesso
Crianças que aprendem a nadar mais cedo atingem marcos de desenvolvimento mais cedo do que seus colegas que não sabem nadar.
Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Educacionais Griffith (Austrália) pesquisaram cerca de 7.000 crianças menores de cinco anos na Austrália, Nova Zelândia e nos EUA ao longo de três anos.
Outras 180 crianças de 3, 4 e 5 anos foram passaram por testes intensivos, tornando este o estudo mais abrangente já realizado sobre os efeitos da natação nos primeiros anos de vida.
Benefícios da natação na infância
A professora Robyn Jorgensen afirma que o estudo mostrou que as crianças que fazem natação em idade mais tenra alcançam uma ampla gama de habilidades mais cedo do que a população em geral.
"Muitas dessas habilidades ajudam as crianças na transição para os contextos de aprendizagem formais, como a escola ou pré-escola.
"A pesquisa também constatou diferenças significativas entre o grupo de natação e os não-nadadores, independentemente do contexto socioeconômico.
"Enquanto os dois grupos de nível socioeconômico mais elevado tiveram um desempenho melhor do que os dois grupos inferiores nos testes, todos os quatro grupos de nadadores tiveram melhor desempenho do que a população em geral," conta a pesquisadora.
Os benefícios são foram afetados pelo gênero das crianças, sendo igualmente verificados entre meninos e meninas.
Habilidades precoces
Além de alcançar metas físicas mais rapidamente, as crianças da natação também se saíram significativamente melhores nas habilidades visuais e motoras, tais como cortar papel, colorir e desenhar linhas e formas.
O mesmo se deu com tarefas de matemática e de escrita.
Sua expressão oral também foi melhor.
"Muitas dessas habilidades são altamente valiosas em outros ambientes de aprendizagem e serão um trunfo importante para as crianças na transição da pré-escola para a escola," concluiu Jorgensen.]

21/11/2012

Redação do Diário da Saúde

http://diariodasaude.com.br/news.php?article=natacao-acelera-desenvolvimento-criancas&id=8353

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Valorizemos o professor da educação infantil.







Um dos caminhos é pensar no conjunto de fatores que interferem na qualidade da educação, com especial atenção à figura-chave da qualidade do atendimento: o professor de educação infantil. Isso significa, nos termos dos objetivos do novo PNE, fomentar a formação inicial e continuada de profissionais do magistério para a educação infantil e assegurar a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério até 2013.
Até hoje prevalece, para uma grande parcela da sociedade, a percepção de que, para trabalhar com crianças pequenas, basta cuidar para que elas comam, durmam e estejam limpas. Prova disso são as constatações de uma pesquisa realizada recentemente pelo Ibope, a pedido da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que revelou: apenas 19% dos pais entrevistados acreditam que conversar com a criança é importante para o desenvolvimento dela. E só 11% pensam que proporcionar estímulos auditivos, visuais e táteis, como sons, música, bichos e histórias, também influencia positivamente o desenvolvimento da criança.
Essa ideia do senso comum tem raízes históricas e ignora os saberes científicos sobre a importância fundamental que os primeiros anos de vida têm para a formação de cada um de nós e para a sociedade como um todo. Cuidar da educação de crianças em creches e pré-escolas pressupõe conhecer os processos de desenvolvimento infantil, as linguagens que estimulam esse desenvolvimento e a organização de espaços e atividades, além do desafio de dar atenção tanto a cada uma quanto ao conjunto das crianças. Trocando em miúdos, para ser professor na educação infantil, como nos demais níveis e modalidades de ensino, é preciso estudar muito, pois a tarefa é complexa e de muita responsabilidade.
Acontece que ainda temos muito a fazer pela qualificação da formação desses profissionais. Segundo o Censo Escolar de 2011, 61% dos professores de educação infantil têm ensino superior completo. Outros 29% fizeram o curso de magistério, e 8% possuem apenas o ensino médio regular. E ainda existem 0,35% e 0,74% que possuem apenas o ensino fundamental incompleto e o fundamental completo, respectivamente.
Incentivar os quase 40% sem curso superior a entrar em uma faculdade é garantir que creches e pré-escolas tenham pessoas com a qualificação mínima almejada para a educação pública, de forma que o professor esteja preparado para lidar com as diferenças e dificuldades típicas da primeira infância. No entanto, para começar a mudar o cenário de forma mais profunda, é preciso dar apoio e estabilidade ao professor. A presença de coordenadores pedagógicos, responsáveis pelo acompanhamento e suporte aos professores em serviço, nem sempre está assegurada nas redes municipais de ensino. Outro ponto crucial é a estabilidade funcional. Sem ela, vive-se um eterno recomeço no trabalho de formação. Esse problema é sentido em um dos projetos desenvolvidos pelo Instituto C&A, o Paralapracá, que apoia a formação de professores de educação infantil em cidades da Região Nordeste.
Muitos dos professores que começam a formação estão vinculados às redes por contratos temporários ou são estagiários, nem sempre permanecem na função e, consequentemente, não completam a formação. Se não houver concursos bem estruturados e um plano de carreira que incentive a permanência dos professores na rede e na escola em que lecionam, continuaremos a carregar água na peneira, investindo na formação de quadros que mudam com muita frequência, o que impossibilita um trabalho continuado e coletivo, como requer a docência.
A estabilidade pressupõe outras questões envolvidas na valorização profissional, como remuneração adequada à função exercida. Hoje, um profissional com curso de magistério tem piso salarial de R$ 1.451,00 para trabalhar 40 horas semanais. O valor é bem abaixo da média recebida pelos profissionais de nível técnico no Brasil, que é de R$ 2.085,47. É urgente dignificar o salário do professor de educação infantil, pois ele é o primeiro contato da criança pequena com a educação formal. É ele quem apresenta o universo escolar para os alunos. Ele é o responsável pela socialização dessa faixa etária. É ele que será a referência para as famílias, e sua atuação repercutirá nos processos de aprendizagem das crianças por muito tempo.
Garantir atendimento de qualidade na primeira infância é a efetivação de um direito social básico previsto na Constituição federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Mas como garantir esse direito e cumprir as metas de educação infantil citadas no PNE? Para isso, é preciso que a sociedade brasileira reconheça a importância da educação para as crianças pequenas e apoie a luta pela valorização dos profissionais encarregados dessa educação.
    Patrícia Lacerda*
* Patrícia Lacerda, doutora em educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é gerente de Educação, Arte e Cultura do Instituto C&A.