quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os robôs não nos invejam mais Livro mostra que, diante das classificações psiquiátricas, seríamos todos “doentes mentais” e alerta para a medicalização da vida cada vez mais cedo – transformando o ser humano da pós-modernidade numa espécie de “homo automaticus" ELIANE BRUM

Os primeiros robôs da ficção tinham um conflito: eles eram criados e programados para dar respostas automáticas e objetivas, mas queriam algo vital e complexo. Em algum momento, às vezes por uma falha no sistema, eles passavam a desejar. E desejar algo que lhes era negado: subjetividade. Condenados às respostas previsíveis, revoltavam-se contra a sua natureza de autômato. Humanizar-se, sua aspiração maior, significava sentir angústia, tristeza, amor, raiva, alegria, dúvida e confusão. Os robôs da modernidade queriam, portanto, a vida – com suas misérias e contradições. Ao entrar em conflito e ao desejar, os robôs já não eram mais robôs, mas um algo em busca de ser. Um ser humano, portanto. A partir desta premissa, grandes clássicos da ficção científica da modernidade foram construídos, como O Homem Bicentenário, de Isaac Asimov, que depois virou o filme estrelado por Robin Williams.


Hoje, a pós-modernidade nos encontra em uma situação curiosa: os humanos querem se tornar robôs. Cada vez um número maior de pessoas se oferece em sacrifício, imolando sua vida humana, ao deixar-se encaixar em alguma patologia vaga do manual das doenças mentais e medicalizar o seu cotidiano para se enquadrar em uma pretensa normalidade. E assim dar as respostas “certas”.


Para quê? Ou para quem?


Basta olhar ao redor com alguma atenção para perceber que, nas mais variadas esferas do nosso cotidiano, esperam-se respostas automáticas e objetivas. Seja na área amorosa e no “desempenho” sexual, seja no comportamento profissional. Até mesmo dos bebês espera-se que atendam às classificações previstas nos muitos compêndios sobre o que esperar de um filhote humano a cada fase. Vivemos no mundo dos manuais de todos os tipos, difundidos pelo mercado editorial e reproduzidos e amplificados pela mídia, que nos ensinariam um “modo de nos usar”, com o objetivo de alcançar um tipo específico e previamente anunciado de resultado.


Dar respostas automáticas e objetivas diante de situações determinadas nos daria um lugar no mundo dos “normais”. E dos bem-sucedidos, já que hoje a normalidade é determinada por um tipo particular de sucesso. Tornar-se robô na vã tentativa de apagar a subjetividade humana é, portanto, o que uma parte da humanidade ocidental tem desejado para si – e se esforçado para impor aos filhos. E nisso tem a ajuda decisiva da indústria farmacêutica, que possivelmente nunca tenha ganhado tanto dinheiro com psicofármacos como hoje, e de um certo tipo de profissional da medicina que manipula o “Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-IV)” como uma Bíblia.


A tese acima é o ponto de partida de um livro muito interessante lançado há pouco, chamado “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” (Via Lettera). A obra é organizada por Alfredo Jerusalinsy e Silvia Fendrik, dois dos mais brilhantes psicanalistas da atualidade. Mas, entre os nove autores brasileiros, nove argentinos, um mexicano e um francês, não há apenas psicanalistas, mas também psiquiatras, neurologistas e pesquisadores da área da neurociência. Em alguns capítulos a linguagem é árida, e a obra se beneficiaria de uma edição mais rigorosa e cuidada. Ainda assim, o tema é irresistível e a leitura abre muitas janelas de reflexão. Em certa medida, o livro responde às provocações de outra obra, “O Livro Negro da Psicanálise” (Civilização Brasileira), em que a psicanálise é violentamente atacada como “charlatanismo”. Mas, como os autores anunciam – e cumprem – “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” não é um mero contra-ataque, o que serviria apenas para empobrecer um dos debates mais relevantes da nossa época. E sim uma excelente oportunidade para discutir com inteligência e profundidade algo que diz respeito a todos nós.


Afinal, não é o caso de demonizar a indústria farmacêutica e a psiquiatria, como se tivessem o poder superior de nos fazer acreditar que os sentimentos e as contradições inerentes à condição humana constituíssem um estorvo dos quais fosse preciso se livrar com a maior rapidez possível. Tampouco radicalizar afirmando que os medicamentos não têm função alguma nem possam representar uma conquista em determinadas situações. É importante assinalar: existem casos em que os remédios são benéficos e podem ajudar a pessoa a sair de um estado de paralisia. E há bons profissionais que são parcimoniosos e responsáveis no seu uso, em geral por tempo determinado e com rigoroso acompanhamento, para que os efeitos colaterais das drogas não se tornem mais nocivos do que o problema que motivou o seu uso. Infelizmente, a realidade nos mostra que esta não tem sido a regra.


Vivemos hoje uma patologização da vida humana e um uso indiscriminado, abusivo e cada vez mais precoce de psicofármacos. A importância deste livro é nos ajudar a compreender o que isso diz sobre a forma como estamos vivendo as nossas vidas, sobre a qualidade do nosso desejo e sobre a lógica socioeconômica que tem movido nosso mundo. Para isso, de nada valeria trocar um dogma por outro. E o livro tem o mérito de não fazê-lo.


Se muitas vezes a ciência é colocada no lugar de divindade e damos aos médicos o poder de determinar como vamos viver – e como vamos morrer –, é porque nós permitimos que isso aconteça. Porque é mais fácil transferir a um outro a responsabilidade por escolhas que deveriam ser nossas. Ainda que seja difícil escapar das engrenagens do mundo, especialmente quando elas enriquecem as grandes corporações, em alguma medida é justo pensar que temos, se não liberdade, pelo menos uma paleta de alternativas. Com todos os riscos que implica escolher contra a lógica dominante.


Por exemplo. Quando os pais levam uma criança que não está dando as respostas “adequadas”, seja em casa ou na escola, a um psiquiatra ou a um pediatra ou a um neurologista ou a qualquer outra especialidade e saem de lá com um diagnóstico e uma receita de psicofármaco, não me parece que estão sendo enganados. Acredito que a ética do médico pode ser questionada. Mas acredito também que os pais, assim como cada um de nós, procuram – e encontram – o profissional que vai dizer aquilo que gostariam de ouvir.


Meu filho, você não merece nada
Hoje parece mais fácil para os pais lidar com um diagnóstico de transtorno psiquiátrico e tentar calar seus filhos com medicamentos do que empreender uma travessia que seguramente será mais espinhosa, exigirá tempo e dedicação maiores e poderá levar a respostas impossíveis de prever – quando não a novas perguntas. Da forma como hoje é colocado, o “transtorno” mental aparece como algo que está convenientemente fora, não tem nada a ver nem com o paciente, nem com o funcionamento da família. Sem contar que parte dos pais adora delegar a difícil tarefa de serem pais – e parte dos médicos adora assumir a prazerosa tarefa de ser Deus.


No capítulo intitulado “Gotinhas e comprimidos para crianças sem história. Uma psicopatologia pós-moderna para a infância”, Alfredo Jerusalinsky afirma: “Nos últimos trinta anos, tem havido um deslocamento das categorias nosográficas (de descrição das doenças) para o terreno dos dados. Não se questiona o que quer dizer este ponto, esta palavra ou este gesto fora do lugar. (...) Na trajetória que estamos descrevendo, foi se apagando esse esforço por ver e escutar um sujeito, com todas as dificuldades que ele tivesse, no que tivesse para dizer, e foi-se substituindo o dado ordenado segundo uma nosografia (descrição das doenças) que apaga o sujeito. (...) É assim que os problemas deixam de ser problemas para serem transtorno. É uma transformação epistemológica importante, e não uma mera transformação terminológica. Um problema é algo para ser decifrado, interpretado, resolvido; um transtorno é algo a ser eliminado, suprimido porque molesta. Os nomes das categorias não são inocentes”.


E, mais adiante: “De nossa parte, continuamos sustentando uma psicopatologia interpretativa, o que quer dizer não nosográfica, porque não depende de dados, não depende de sintomas, mas de deciframento. (...) Colocam na cabeça dos pais que eles não têm nada para ver nem entender e, então, eles se comportam como se não tivessem nada para ver nem entender; consequentemente a criança fica condenada aos automatismos mentais. Mas, claro, para eles só existem os automatismos mentais, então o que é preciso é trocá-los por outros”.


Quando as crianças apresentam um comportamento não esperado (esperado por quem e para quê?), a resposta predominante de pais, médicos e professores têm sido não escutar, mas transformar expressões em transtornos porque o que a criança diz, por palavras, gestos ou ações, pode transtornar os pais. E por isso precisa ser calado o mais cedo e o mais rápido possível. Em nome desta lógica, esquece-se de que somos seres dotados de inteligência e são poucos os que se questionam: se nunca houve tantos diagnósticos psíquicos (e, portanto, tantas patologias), se nunca existiram tantos medicamentos disponíveis para tratar essas doenças ou distúrbios, por que o número de casos não para de crescer e estaríamos vivendo verdadeiras epidemias de doenças mentais, transtornos de comportamento ou como queiram chamar essas síndromes que têm se multiplicado como coelhos? Não seria legítimo questionar: então, os remédios não curam?


Se aceitarmos como verdade única que o problema se resume a uma disfunção química no nosso cérebro, alheia ao viver, algo da ordem dos mecanismos fisiológicos, como o desarranjo de um sistema robótico, não bastaria “corrigir” com drogas para ser “curado”? Pelas estatísticas, tão valorizadas e difundidas pela própria indústria, sabemos que não é isso o que está acontecendo. O número de “depressivos”, “bipolares” e doentes do “pânico”, no mundo dos adultos, assim como o número de crianças com “transtorno de hiperatividade e déficit de atenção” e até mesmo com “autismo” não para de crescer. Se os remédios são tão eficazes e os diagnósticos tão fáceis de fazer como aqueles testes que a imprensa costuma publicar, do tipo “descubra se você é depressivo”, os doentes não deveriam diminuir em vez de aumentar? Afinal, sempre que a ciência descobriu a cura ou uma vacina para as doenças, iniciava-se um processo de redução no número de casos até a total erradicação.


Sobre este aspecto, os organizadores levantam uma questão interessante na apresentação da obra: “A ligeireza (e imprecisão) com que as pessoas são transformadas em anormais é diretamente proporcional à velocidade com que a psicofarmacologia e a psiquiatria contemporânea expandiram seu mercado. Não deixa de ser surpreendente que o que foi apresentado como avanço na capacidade de curar tenha levado a ampliar em uma progressão geométrica a quantidade de ‘doentes mentais’”.


Para complementar essa ideia, vale a pena ler a ótima entrevista feita pela jornalista Cláudia Collucci na Folha de S. Paulo de 18 de outubro. Sob o sugestivo título “Estamos dando veneno para as crianças”, Marcia Angell, professora titular do departamento de Medicina Social da Escola Médica de Harvard, critica a indústria farmacêutica por estimular o uso de medicamentos psiquiátricos em pacientes infantis. E também em adultos. Angell diz: “As pessoas creem que as drogas sejam mágicas. Para todas as doenças, para toda infelicidade, existe uma droga. A pessoa vai ao médico e o médico diz: ‘Você precisa perder peso, fazer mais exercícios’. E a pessoa diz: ‘Eu prefiro o remédio’. E os médicos andam tão ocupados, as consultas são tão rápidas, que ele faz a prescrição. Os pacientes acham o médico sério, confiável, quando ele faz isso. Pacientes têm de ser educados para o fato de que não existem soluções mágicas para os seus problemas. Drogas têm efeitos colaterais que, muitas vezes, são piores do que o problema de base”.


O que vale a pena perceber é que ninguém é normal, mesmo. Basicamente porque não há como saber o que seja isso. O que não é razão para sermos todos tratados como portadores de algum transtorno mental desde bebê. Como afirmam Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik: “A generalização e multiplicação dos signos psicopatológicos preparam o território para a expansão industrial na fabricação de psicofármacos, que passam a ser consumidos em massa. Nasce assim uma hipocondria dos estados de humor, dos afetos, das dúvidas, dos desejos, das tristezas. As variações mentais e as singularidades pessoais são comparadas com uma média estatística que cria uma medida comum inexistente na realidade. Esse ‘boneco padrão’ subjacente descreve uma ‘normalidade’ definida pela uniformidade. Comparados com ele, viramos todos ‘doentes mentais’”.


A tentativa de classificar toda singularidade como anormalidade pode se tornar uma grande comédia. Em 1992, o psicólogo clínico britânico Richard Bentall propôs em um artigo para o “Journal of Medical Ethics” o seguinte: classificar a felicidade como distúrbio psiquiátrico e incluí-la no manual dos transtornos mentais (DSM-IV). Richard escreveu com grande rigor acadêmico e citou 32 artigos de importantes revistas científicas britânicas. Passo a passo, ele prova que a felicidade é um estado estatisticamente anormal, acompanhado por sintomas como disfunção cognitiva e marcado por uma percepção distorcida da realidade.


Os pacientes afetados por esse distúrbio apresentam um quadro de euforia, sem contrapartida real, podendo resultar em desvantagem adaptativa. Sem contar que há uma relação significativa da felicidade com obesidade e ingestão de álcool. Richard propõe que os psiquiatras busquem tratamento para a felicidade e sugere até um nome para classificá-la como doença mental: “major affective, pleasant type”. A história é deliciosa porque Richard percebeu que, para evidenciar o absurdo que estava – e continua – sendo praticado, só mesmo assumindo o discurso psiquiátrico, mas pelo avesso. Se a tristeza é tratada como uma anomalia que pode e precisa ser curada, por que não a felicidade?


Ao olhar hoje para nós, com seus olhos artificiais, com o que um robô se depararia? Acho que uma das respostas pode ser encontrada em “Wall-e”, a bela animação da Pixar. Aliás, fica uma dica das mais agradáveis: pegue na locadora estes dois filmes sobre robôs, mas de épocas diferentes, “O Homem Bicentenário”, inspirado no texto de Isaac Asimov publicado na década de 70, e “Wall-e”, que recebeu o Oscar de melhor animação em 2009. “Wall-e” é um filme brilhante, “O Homem Bicentenário” deixa a desejar, mas juntos podem ser um ponto de partida interessante para pensar – sozinho, com os amigos ou com a família – sobre as mudanças ocorridas nas últimas décadas na forma de enxergar a nós mesmos.


“O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea” afirma que o ideal pós-moderno é o pensamento simplificado: memória reduzida + seleção de respostas corretas. Dizem Alfredo e Silvia: “Enquanto a cibernética eletrônica procura engenhosamente capacitar seus robôs para responder a questões cada vez mais aleatórias, e até para formular perguntas, nós humanos somos levados a uma ‘padronização’ do controle da ‘mente’. Amparados em padrões diagnósticos cada vez mais amplos – depressão, TOC, Asperger etc –, incluem-se os mais heterogêneos conjuntos de sintomas justificando deste modo a utilização dos mesmos psicofármacos. (...) Em um mundo em que o sujeito se desvanece ao redor da promessa de ter respostas para tudo, curiosamente surgem e proliferam as ‘patologias’ (...). O modelo atualmente proposto substitui o saber pela informação, a falta pela completude, a busca pela resposta ‘já’, a singularidade da diferença pela repetição do idêntico, o enigma do passado e do futuro pela pretensa certeza garantida do presente. O ideal seria que adaptássemos nossa experiência àquilo que, com toda a propriedade, poderia se chamar: Homo Automaticus?”.


Um dos traços marcantes da modernidade é a descoberta de que nossa consciência é apenas uma pequena parte do que somos. Há um vasto mundo inconsciente ou pré-consciente que nos constitui. Assim, não deixa de ser curioso, ainda que bastante lógico, que a partir da descoberta transformadora de que a consciência nem nos governa nem é nosso “eu” total, de repente desejamos nos robotizar para escapar da aventura ao mesmo tempo extraordinária e assustadora que é criar uma vida. Será que o melhor acordo que podemos fazer com nós mesmos é engolir pilulinhas na tentativa de manter um ilusório controle sobre nossa mente e sobre o outro, quando se trata de nossos filhos? Pílula para comer ou para não comer, pílula para dormir ou para ficar acordado, pílula para ter desejo sexual ou para diminuir o desejo sexual, pílula para se acalmar ou para estimular... Como se a condição humana, com todas as suas ambiguidades, pudesse ser reduzida ao mero ajuste de um corpo-máquina.


O crescimento dos distúrbios mentais na mesma proporção das supostas pílulas da felicidade e de outros “ajustadores” da mente mostra que há algo que não fecha nessa conta. Enquanto puder, a indústria farmacêutica vai continuar ganhando com a transformação de qualquer sofrimento em patologia e com a consequente medicalização da vida. E, quando (e se) algo mudar, vão ganhar com outra coisa. Mas nós, nós e nossos filhos, só temos uma vida para viver da forma mais ampla e rica possível. Convém não perdê-la na tentativa de anular a singularidade que nos pertence.


Como dizem Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik, os organizadores de “O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea”: “Os robôs não precisam se preocupar, já que hoje em dia parecem ser eles os que encarnam o ideal: sem desejos, sem envelhecimento, sem falhas, com automatismos garantidos para cada situação específica, sem vacilação, tudo positivado em um pensamento ‘positivo’. No entanto, devemos sublinhar que, enquanto aqueles robôs dos anos 1930 representavam em sua rebelião os ideais de um modernismo romântico, os atuais ‘transtornos’, sob suas formas toxicomaníacas, bulímicas, anoréxicas, de padrões sociais de sucesso ou de quimiopsiquiatria, representam a obediência recoberta por um falso manto de liberdade”.


Por mais que tudo nos empurre para a patologização e a medicalização da vida na busca de uma normalidade inexistente, acredito que há algo do humano que resiste, que não é calado e que grita, ainda que dopado. É por isso que a conta não fecha. Porque, por mais que se divulgue a crença – e é neste momento que a ciência se coloca no lugar da religião – de que é possível controlar o sofrimento e garantir a felicidade, a humanidade que mora em nós desmascara essa ilusão dia após dia. E por isso é preciso encontrar uma nova panaceia para dar conta de cada novo “transtorno”.


Se a dor é inerente à vida, ela necessariamente não é algo ruim, mas algo que nos impele a buscar um jeito de viver que faça mais sentido para nós. Se a confusão pode ser infernal no cotidiano, com todas as dúvidas que ela traz, não há como achar algo ou a si mesmo sem ela, para em seguida nos perdermos de novo, porque é assim que alcançamos outros mundos também dentro de nós. A angústia não deve ser silenciada, mas ouvida, porque está nos dizendo algo que nos diz respeito. E, se você for pai ou mãe, é sua a responsabilidade de lidar com as questões trazidas por seus filhos, sejam em forma de palavras, de gestos ou de comportamento. É sua – e não dos médicos – desde que você escolheu ser pai ou mãe – e até que suas crianças progressivamente assumam a responsabilidade pelos rumos da própria vida. E, acredite, a melhor forma de lidar ainda começa por escutar. Escutar de verdade.


É na incompletude, que não se fecha com nenhuma pílula, que talvez possamos, individual e coletivamente, empreender uma busca sem nenhuma garantia, como são todas as buscas, que nos leve a criar uma vida que ainda possa fazer um robô aspirar a uma existência humana.


(Eliane Brum escreve às segundas-feiras)

ELIANE BRUM Jornalista, escritora e
documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê (Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.
elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum 





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

9 erros dos pais no desenvolvimento da fala das crianças -& O be-a-bá do blablablá

Entenda - e aprenda a evitar - os equívocos mais comuns cometidos pelos adultos quando os filhos estão aprendendo a falar

Renata Losso, especial para o iG São Paulo | 13/08/2011 07:57


Desde o nascimento dos filhos, um dos momentos mais esperados é o da primeira palavra – e que ela seja, de preferência, “mamã” ou “papá”. Mas, sem saber, os pais podem atrapalhar o caminho natural da criança rumo à fala. Antes mesmo do seu filho começar a emitir os primeiros sons, algumas atitudes devem ser evitadas. Entenda quais são os principais erros cometidos e aprenda a evitá-los.


1. Não repita a palavra errada

Um dos equívocos mais comuns dos pais é repetir a palavra errada que o filho disse antes de corrigi-lo. A fonoaudióloga Bianca Sabbag, especialista em linguagem da EDAC (Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico), em São Paulo, explica: se a criança disser “pato” em vez de “prato”, os pais não devem dar respostas como “não é 'pato', é 'prato'”. A melhor opção é somente repetir a palavra correta – de maneira exagerada, se necessário: “Ah, você quer o prato? A mamãe vai pegar o prato para você”. “Nunca dê o modelo errado. E dar as duas informações para a criança pode dificultar o desenvolvimento da linguagem”, afirma.

2. Evite o tatibitate

Trocar as consoantes e abusar dos diminutivos, dizendo sempre “ti nenê bonitinho da mamãezinha” em vez de “que nenê bonito da mamãe”, também atrapalha o desenvolvimento da linguagem infantil. De acordo com a fonoaudióloga clínica Danielle Lins, de Belo Horizonte, ao conversar com os filhos que ainda não sabem o som correto das palavras, é melhor não usá-las sempre no diminutivo. O ideal é empregar o vocabulário adequado desde a chegada do bebê, já que ele está desenvolvendo a fala durante os primeiros anos de vida. “Até os cinco anos de idade ele já deve estar se comunicando muito bem”, diz Patrícia Junqueira, fonoaudióloga do Hospital São Luiz, em São Paulo.

3. Não use palavras substitutas

Falar sempre corretamente com a criança é a melhor escolha que os pais podem fazer, embora às vezes pareça difícil. Falar errado ou substituir palavras por outras inexistentes, mas mais fáceis – como mamadeira por “tetê” – pode parecer uma mão na roda, mas não é. Como a palavra certa é outra, a criança tem que aprender duas vezes. “Como a criança tende a se espelhar no adulto, se eles falarem errado, ela será influenciada”, diz a fonoaudióloga Lindsei Paupitz, do Hospital Pequeno Príncipe, em Porto Alegre.

4. Não antecipe nem interrompa a criança

Quando a criança está com dificuldades para completar uma frase, não a apresse. “É preciso deixá-la falar no tempo dela, e os pais não podem competir com isso”, diz Lindsei. Se os pais se habituarem a antecipar o discurso, a criança sempre vai esperar que alguém fale por ela.

O problema se agrava na fase da gagueira, comum por volta dos três ou quatro anos de idade. De acordo com Bianca, nesta época costuma haver um aumento repentino do vocabulário e a elaboração mental não acompanha a elaboração motora. “Ela acaba gaguejando, atropelando as palavras e se repetindo”, diz. Interromper as crianças o tempo todo também faz com que elas se estressem.

5. Não aceite a linguagem gestual

Muitas crianças usam gestos para conseguir o que querem. A linguagem gestual pode ser uma ponte, mas deve ser superada. Se os pais sempre entregam ao filho um objeto simplesmente apontado, a criança se habitua e não aprende a pedir o que quer. “Isso cria a substituição da linguagem oral pela gestual. Embora a criança ainda não fale, o pai deve explicar o que é aquilo”, diz Patrícia Junqueira. Por isso, no momento em que o filho apontar a mamadeira, é indicado que os pais digam: “Ah, você quer a mamadeira? Papai vai te dar a mamadeira”.

6. Não permita chupeta ou mamadeira após os dois anos de idade

Permitir que a criança fale com a chupeta na boca atrapalha a pronúcia e dificulta o aprendizado. “Estes hábitos causam um posicionamento incorreto e podem gerar até mesmo uma flacidez da língua”, diz Patrícia.

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7. Não torne a palavra errada uma diversão para a família

Não raro, uma palavra falada errada soa tão divertida e engraçadinha que se torna um entretenimento familiar. Mas repetir demais a brincadeira pode trazer problemas, alerta a fonoaudióloga Regina Donnamaria Morais, do Grupo de Saúde Oral da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo). “Prolongar por muito tempo uma forma de fala equivocada dá, aos pais, um prolongamento do tempo de infantilidade do filho”. Quanto mais tempo isso prevalecer, mais complicado será corrigir.

8. Fale na altura da criança sempre que possível

Bianca Sabbag, especialista do EDAC, também indica aos pais ficar na mesma altura da criança ao se comunicar com ela. “Abaixar para conversar e olhar no olho da criança é muito importante, para que ela tenha esse modelo visual”, diz. Poder observar os movimentos da boca do adulto colabora bastante para o desenvolvimento da fala infantil.

9. Se necessário, procure ajuda

Cada criança tem um tempo de desenvolvimento próprio e isso também vale para a fala. Mas existem alguns marcos gerais. De acordo com a fonoaudióloga Patrícia Junqueira, a partir dos dois anos de idade a criança já deve ser capaz de dar um movimento ao diálogo, formando frases como “quer água” ou “dá mamar”. Até os quatro anos e meio, a criança já deve conseguir usar a linguagem muito bem, explicando situações e articulando adequadamente todos os sons. “Esta idade é o limite”, diz Bianca Sabbag. Se a criança ainda tiver dificuldades depois deste período, é indicado procurar um profissional da área. E se ela não realizou o teste da orelhinha ao nascer, é melhor correr atrás o quanto antes. Ela pode estar com problemas de audição.

O be-a-bá do blablablá: as primeiras palavras do bebê

Quando a dificuldade de comunicação de seu filho pode se transformar em uma preocupação real?


Ana Carolina Addario, especial para o iG São Paulo

Desde o primeiro contato com o bebê, no momento de seu nascimento, uma das principais alegrias de qualquer mãe ou pai é ouvir a primeira palavra que sairá da boca de seu filho. Se será “mama” ou “papa”, tanto faz. O importante é que desde muito cedo a comunicação entre pais e filhos pequenos seja estabelecida de maneira efetiva, a fim de que antes mesmo de largar a fralda seu bebê já saia por aí rasgando o verbo. E olha que isso é mesmo provável e possível.

Não que antes mesmo de completar seu primeiro aninho os bebês estejam prontos para sair por aí bradando o hino do time do coração de seu pai, ou cantando os ingredientes da receita do bolo favorito da sua mãe. Mas uma coisa é verdade: quem exercita, desde o momento do nascimento, a comunicação – ainda que inicialmente gestual – com seus filhos, contribui para que eles estejam mais preparados para encarar o desenvolvimento da comunicação oral nas primeiras etapas da vida.
“Muito antes da emissão das primeiras palavras, os bebês já estão familiarizados com a linguagem e se expressam de diversas maneiras, como pelo choro e pela movimentação corporal. O feto é capaz de ouvir, ainda que de forma atenuada, a partir do quinto mês de vida intrauterina e desde as primeiras semanas de vida o bebê prefere a voz humana entre outros sons, particularmente se essa voz for a materna”, conta Rosa Resegue, presidente do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo e coordenadora do Projeto Desenvolver da Unifesp.
Até os 8 meses, o vínculo comunicativo que o bebê estabelece com o mundo ainda não é intencional, mas é a primeira maneira que o cérebro encontra para comunicar seus anseios e necessidades. Aos 9 meses, ele passa a usar gestos, movimentos do corpo e vocalizações. E, entre 11 e 12 meses, a fala pode começar a surgir. O cronograma não é regra, mas passar demais destes períodos para começar a esboçar os primeiros fonemas pode ser um sinal de que seu filho está sentindo dificuldade para aprender a se comunicar.
Influências biológicas x ambiente
Junte as influências biológicas e culturais que a criança experimenta nos primeiros anos de vida ao processo de maturação neurológica característico de seu crescimento e você terá o sistema perfeito para ajudar a desenvolver em seu filho as habilidades da linguagem e de muitas outras coisas. No entanto, se algum desses fatores encontrar obstáculos para se completar, pode ser que leve um pouco mais de tempo para seu bebê soltar o verbo.
Jaime Luiz Zorzi, fonoaudiólogo especializado em linguagem, doutor em educação e autor, entre outros, do livro “Aprendizagem e Distúrbios da Linguagem” (editora Artmed), conta que os fatores de retardamento das habilidades orais podem ser dos mais variados. “Distúrbios funcionais, falhas neurológicas, problemas de amadurecimento do sistema nervoso central, bem como surdez ou outros tipos de deficiência auditiva podem ser grandes responsáveis por dificultar o processo de aprendizagem da fala em crianças pequenas”, conta. Por isso, quando os primeiros sinais de dificuldade ou desinteresse em comunicação aparecem, é necessário se consultar com especialistas a fim de rastrear a verdadeira razão do problema.
Episódios de otite (inflamações do ouvido), tão frequentes nas primeiras fases da vida, também podem contribuir para que o bebê tenha mais dificuldades na hora de aprender a falar. O desenvolvimento da fala está diretamente relacionado à audição. Como a infecção no ouvido pode acumular cera no ouvido da criança, ela não consegue escutar corretamente a fala de seus pais e das outras pessoas, e tem mais dificuldade de emitir sons que se pareçam com os deles.
De acordo com Anne Elise Vivo Rodrigues, fonoaudióloga e especialista em Linguagem Infantil pela Universidade de São Paulo, o repertório de sons que a criança adquire, e que vai inspirar sua própria fala, se desenvolve naturalmente de acordo com cada ano que a criança completa. Fonemas com “B”, “M”, “P” e “N”, por exemplo, são os mais fáceis de se adquirir. Como “mama” e “papa” são as palavras que a criança mais escuta, e contêm os fonemas mais fáceis de se reproduzir (até 1 ano e meio), os pais corujas de plantão podem se alegrar. Já encontros consonantais com “R” e “L” são os mais complicados, sendo verdadeiramente assimilados apenas por volta dos 5 anos.
Sinal amarelo
No meio desse desenvolvimento, chamar “água” de “aga” aos 3 anos é normal. Os pais devem começar a se preocupar apenas quando a criança mostrar desinteresse pela comunicação. Se aos 2 anos de idade, período em que a criança interage com o ambiente a pleno vapor, ela não se anima com a fala dos pais ou demonstra apatia para se expressar, é hora de consultar um especialista.



Foto: Arte iG
Confira a idade limite para a criança dominar cada fonema

E tome cuidado na intervenção. “Quanto mais afastada da interação, mais insegura a criança se sente para interagir. Se ao invés de tentar corrigir a situação ludicamente os pais pressionam o filho a falar direito, a criança se sente fragilizada e distanciada da possibilidade de comunicação com o mundo”, explica Zorzi.
Por outro lado, estimular seu filho a falar errado, porque é “bonitinho” ouvi-lo dizer “aga” no lugar de “água”, é um erro tão fatal quanto reprimi-lo. “É importante que os pais, mesmo sem corrigirem a criança, falem de modo correto com ela evitando que as pequenas trocas se perpetuem. Espera-se que até os 3 anos a criança tenha uma fala que possa ser compreendida por todos e não apenas por seus pais e familiares”, diz a pediatra Rosa Resegue.
Nem elogiar o erro, nem pressionar pelo certo. O ideal para continuar estimulando a criança a exercitar novos fonemas é fazer com que a aprendizagem aconteça, desde muito pequeno, pela interação natural entre pais e filhos. “Quando a criança é pequena, por volta de 1 ano de idade, e sua comunicação ainda é mais gestual, não basta dar na mão tudo o que ela aponta. É preciso falar para ela como cada objeto de seu desejo ou necessidade se chama, para ela se acostumar com os sons”, sugere Anne Elise. “Para as crianças em fase escolar, a ideia é sempre conversar sobre como foi seu dia, o que ela fez, de modo que ela treine sua fala em conversas com a família”, completa a fonoaudióloga

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A importância de lavar as mãos

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Contato com a natureza equilibra o sistema imunológico das crianças



O que seu filho pode aprender com a natureza
Crianças das cidades têm muito a experimentar no campo e na praia. Entenda os benefícios da natureza e aproveite as férias para apresentá-la a seu filho
Livia Valim, especial para o iG São Paulo 




Foto: Getty Images
Atividades pouco presentes na vida diária das crianças estimulam a criatividade e a independência
Tirar leite de vaca, assistir ao pôr do sol num horizonte limpo de prédios, admirar o céu iluminado de estrelas, tomar banho de mar, colher e comer uma fruta do pé. Algumas crianças nem sabem como são estas sensações. Todas estas atividades estão cada vez menos presentes no cotidiano de quem vive em cidade grande. Aproveitar o período de férias escolares pra apresentar aos filhos as delícias da natureza faz bem para você e é melhor ainda para os pequenos. “O contato com a natureza traz a oportunidade para que as crianças potencializem suas aptidões físicas, mentais e intelectuais”, diz a médica Maria Cristina Senna Duarte, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Ela explica que, quando a criança entra em contato com a natureza, a percepção de mundo é ampliada em três aspectos: espacial, pois o universo da natureza é bem maior do que a casa ou o apartamento; sensorial, porque há diversidade de ruídos, olfatos, texturas, cores e formatos; e físico, já que aumenta a gama de movimentos importantes para o desenvolvimento e crescimento das crianças.

A criatividade também é aguçada ao tirar os pimpolhos da frente da TV, computador e videogame. Coordenadora da unidade Vila Mariana (SP) da Bem Me Quer Sports, escola de esportes dirigida a crianças, a professora de educação física Rosana Gregório Ferraz conta que, em um dos acampamentos de férias organizado pela empresa, um menino achou um papelão e decidiu deslizar por um pequeno morro coberto de grama. Os colegas correram para imitá-lo e quem disse que alguém convencia as crianças a abandonar a brincadeira? “Tínhamos o dia inteiro minuciosamente planejado, mas não houve argumento que tirasse as crianças daquela atividade. Brincamos com elas até a exaustão. E foi uma delícia!”, lembra Rosana.

Vínculos familiares
Sair do cotidiano cheio de regras e compromissos não faz bem apenas aos adultos. Seus filhos também só têm a ganhar ao mudar de ares quando estão de folga da escola. “Como nós, eles descansam a mente para voltarem melhor para as atividades cotidianas. Além disso, têm a oportunidade de conhecer animais e plantas que só viam nos livros. É uma experiência muito rica que faz a criança se sentir parte do mundo”, considera a psicóloga infantil Cristiane Golim.
Se a experiência contar com a tutela dos pais, melhor ainda. “É comum hoje em dia pais e filhos não se conhecerem, pois cada um está envolvido em uma atividade. Portanto, estes são momentos onde tudo que se faz junto é bastante importante para todos”, diz Cristiane. Os vínculos familiares criados durante as descobertas infantis ficam pra sempre na forma de lembranças.
“Uma vida mais natural, mesmo que seja apenas nas férias, acrescenta valores diferentes, como preservar a natureza, cuidar dos bichos, andar descalço, tomar banho de chuva e colher uma fruta para se alimentar dela. São experiências inesquecíveis”, descreve Rosana. E não é só no acréscimo ao repertório de experiências que a criança ganha. Conviver com a natureza também aguça a curiosidade.

Dicas
A pediatra Maria Cristina aconselha: “Deixe espaço para que seu filho observe, tenha curiosidade, experimente e pergunte”. Explorar um ambiente desconhecido, sempre com supervisão, é claro, pode também fazer maravilhas à autoconfiança de uma criança. Perceba como ela volta mais confiante e independente depois de alguns dias subindo em árvores, nadando no rio e dando de comer aos animais.
Nos primeiros contatos das crianças com a natureza pode haver medo. Primeiro, procure refletir se não foi você mesma quem passou este receio a seus filhos. Muitas vezes, tentando proteger, os pais preferem que as crianças não sejam destemidas e injetam nelas preocupações infundadas. “Respeite o limite da criança. Converse bastante e vá fazendo com que ela entre em contato aos poucos com o objeto de seu medo”, sugere Cristiane.
Lembre-se também que não é preciso esperar as férias pra colocar seu filho em contato com a “mãe natureza”. Que tal levá-lo a parques e jardins nos finais de semana? É garantia de uma experiência mais proveitosa do que ir ao shopping center, por exemplo. Para que o pimpolho curta a atividade, leve brinquedos, crie jogos e, acima de tudo, demonstre seu interesse. “A criança aprende mais por imitação, por bons exemplos, do que por muitas palavras. Se os pais curtem e respeitam a natureza, naturalmente a criança terá interesse e fará inúmeras perguntas”, explica Maria Cristina.



Experiência no Campo

Retirado de Culturamix.com.br

As crianças que vivem nas grandes metrópoles, terão muitos benefícios se entrarem em contato com a natureza, pois as atividades que podem ser desenvolvidas no campo, estimulam a independência e a criatividade, muito mais do que em qualquer outro lugar, além de poder se respirar ar puro, sem a agitação,e os poluentes comuns nas cidades grandes.

Aproveitando o Período de Férias

Importância do Contato da Natureza para a Criança
Importância do Contato da Natureza para a Criança
Para a maioria dos pais que trabalham fora, e não tem muito tempo para levar os filhos para passear em lugares calmos e tranquilos, o período de férias é o ideal para promover o contato das crianças com a natureza, viajando para o campo. Atividades como ver o pôr do sol,colher a fruta no pé, admirar um céu estrelado ou tirar leite de vaca, são atitudes praticamente inexistentes nas grandes cidades, e isso faz falta para as crianças, de acordo com especialistas.
Estar perto da natureza é benéfico não só não só para elas, que terão a oportunidade de potencializar sua criatividade e aptidões físicas, como também para os adultos que terão um modo de relaxar com tranquilidade, aliviando o estresse de todo um ano de trabalho.

Experiência Perceptiva

Benefícios
Benefícios
Segundo especialistas, quando a criança ou o jovem entram em contato direto com a natureza, o mundo é percebido sob três pontos: O sensorial, uma vez que a criança terá contato com diversos tipos de cheiros, cores, formatos e texturas; O físico, porque há um aumento dos movimentos necessários para o equilíbrio e crescimento infantil; O espacial, pois o jovem percebe que a natureza é muito maior do que a casa ou apartamento em que habita.

Criatividade Aguçada

Dicas
Dicas
O contato com a natureza faz com que as crianças desenvolvam mais seu potencial criativo, uma vez que deixam de ficar estagnadas em frente aos computadores, videogames ou televisões, e saem para explorar o meio ambiente natural. Além disso há uma gama enorme de possiblidades, de brincadeiras ao ar livre, que podem ser inventadas pelas crianças e pelos jovens no campo, pela curiosidade natural que o meio ambiente desperta nas pessoas, sejam adultos ou crianças.

Fortalecimento de Vínculos Afetivos

Quando a família consegue sair da rotina de trabalho, compromissos e estudos, isso faz bem tanto para os pais, quanto para as crianças, pois quando há uma mudança do cotidiano, as pessoas relaxam, descansam a mente dos problemas diários. A oportunidade de conhecer plantas e animais é muito proveitosa para a criança, que desde cedo aprende a preservar o meio ambiente, fazendo com ela se sinta parte do mundo que a rodeia.
Se os pais estiverem junto muito melhor,pois nesses momentos de descontração, os laços familiares, acabam se fortalecendo, e ficando para sempre guardados na memória infantil. Há também o acréscimo que essa experiência proporciona aos valores éticos que a pessoa tem, pois pela natureza das atividades, que são diferentes de tudo que ela está acostumada a fazer em sua casa na cidade, acaba se tornando uma aventura inesquecível.

Orientações de Especialistas

Os profissionais ligados a área de educação infantil, recomendam essa ida ao campo, como uma atividade de grande importância para as crianças. Eles aconselham aos pais que deixem os filhos livres, para explorarem esse meio ambiente desconhecido, deixando-os experimentar e tirar suas dúvidas sobre todas as coisas que o campo oferece. Os especialistas orientam que explorar um local novo, sob a supervisão paterna, é claro,sempre traz segurança e autoconfiança para a criança.
Respeitar os limites dos filhos é outra sugestão, se por acaso eles apresentarem medo, em um primeiro contato. Em alguns momentos esses sentimentos vem dos próprios pais,e eles acabam assimilando. O contato das crianças com a natureza, deve ser feito sempre que os pais puderem,às vêzes em um final de semana somente. Não é necessario esperar o período de férias para ter essas experiências de subir em árvore, dar comida aos animais,entre outras, que só trarão benefícios para todos, aumentando a criatividade e o respeito que se deve ter pela natureza.